segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Palavras...

Autor: Alexandre Faccioni Barcellos

A palavra foge dos lábios simples e puramente quando as próprias retinas perdem a fala.

truco adelante!!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Bochincho de salão

Dois anos sem tua presença física meu Pai. A saudade é amenizada, a cada instante, com as recordações perenes dos teus ensinamentos e da tua força.
Fica bem que aqui a gente tá se virando. Forte abraço "Seu Carlos".


Prometido e cumprido:


Autor: Alexandre Faccioni Barcellos

COMO CAUSO VOU CONTAR UM FATO “ASSUCEDIDO”
E SEM MOCINHO OU BANDIDO QUEM SOU EU PARA JULGAR
E EU QUE NEM TAVA LÁ FIQUEI DO ENROSCO SABENDO
E DO BOCHINCHO TREMENDO QUE A MORTE ANDOU A RONDAR

MATINÊ EM UM CORREDOR NO EMBALO DE UM CONJUNTO
OS AMIGOS “TUDO JUNTO” E VINHAM PRA APROVEITAR
PRA ALGUM CAMBICHO CISCAR EM ENTREMEIO DA DANÇA
A FUZARCA E A LAMBANÇA ESTAVAM POR COMEÇAR

PRENDAS LINDAS POR DEMAIS TEMPORONAS DANÇAREIRAS
NÃO MERECEM AS CADEIRAS QUANDO O BAILE É ABERTO
E DELAS FICAM POR PERTO OS VEIACOS DE PLANTÃO
NO AGUARDO DA OCASIÃO DE SE ATRACA NO COBERTO

TUDO COMEÇA POR NADA, OLHARES JÁ SÃO TROCADOS
COM PROMESSAS DE AGRADOS NAS ENTRELINHAS DOS OLHOS
ATANDO CERTOS CAMBICHOS EM CADA NOVA PASSAGEM
E DESPERTANDO A CORAGEM ADORNADA ENTRE SORRISOS

ERA UM DIA PRA BADERNA MUITO PEÃO POUCA PRENDA
“INDA” MAIS DAS DANCADEIRA DISPUTADAS EM CORTEJO
ATE QUE UM TAURA EM LAMPEJO NÃO QUIS UMA “DIVIDIR”
E O QUE ESTAVA PRA VIR CHEGAVA COM ESSE DESEJO

DISPUTA ENTRE DOIS TAURAS PRA UMA PRENDA SOMENTE
JA TA LANCADA A SEMENTE DE UM BOCHINCHO A MEIA GUAMPA
TAVA ESCRITO NA ESTAMPA DAQUELE BAILE MATREIRO
QUE O FORTE DO ENTREVEIRO TINHA CHEGADO NA PAMPA

FOI FEIO O QUE SE SEGUIU NESSA DISPUTA CUIUDA
POR CAUSA DE UMA CRINUDA A PELEIA COMECAVA
E GENTE SE AMEAÇAVA DEFENDENDO UM CONHECIDO
E O QUE TINHA DE METIDO POR “TUDO” LADO APANHAVA

DIZEM, QUEM LÁ ESTEVE, QUE ERA TRISTE A VISÃO
MAIS AINDA O BARULHÃO DE ESTALOS DE MADEIRA
POR CERTO ALGUMA CADEIRA TINHA APRENDIDO A VOAR
PRA DEPOIS ATERRISAR NO LOMBO DE UM CALAVEIRA

O TUMULTO FOI BEM GRANDE MAIS AINDA A CORRERIA
PEQUENA ERA A ESCADARIA PROS PASSOS DESATINADOS
QUE BUSCAVAM DESCONFIADOS DE CADA SOMBRA APARENTE
A LUZ DA PORTA DA FRENTE PRA REFUGIO DE UM COITADO

NO MEIO DA BAGUNCEIRA NEM MUSICOS ESCAPAVAM
E AS CADEIRAS QUE VOAVAM PARAVAM NA BATERIA
QUE TREMENDA JUDIARIA O ESTRAGO TODO CAUSADO
O QUE COMECOU ANIMADO DESSE JEITO ACABARIA

TUDO POR CAUSA DA PRENDA, TUDO FOI POR CAUSA DELA
E TUDO QUE ERA JANELA ERA A PORTA DE SAIDA
IMAGINA A DOR SENTIDA DO TAURA QUE AO SE JOGAR
AO CHÃO DO SEGUNDO ANDAR DE PÉ SAIA EM CORRIDA

E DE DENTRO DO SALAO JÁ SE ESCUTOU O ESTOURO
UM BERRO DE TRINTA E OITO PRIMEIRO PARA APARTAR
OS OUTROS PARA ACALMAR E TIRAR EM SÃ CONSCIÊNCIA
A MAIS BRUTA PERSISTÊNCIA DE QUEM VINHA PRA PELEAR

E OS QUE SAIAM PELEAVAM BATIAM SE DEFENDENDO
ERA TRISTE ESTAR VENDO NÃO QUERIA ESTAR ALI
POR TUDO QUE JÁ VIVI CONTO O QUE FOI REAL
PELEIA NO MANDIOCAL DO TAL CLUBE GUARANI

O SALDO BRUTO DA LIDA SE VIA NA REDONDEZA
TAMANHA FOI A DUREZA DO EMBATE QUE AQUI SURGIU
GRANDE FOI O EXTRAVIO DE GENTE NO MANDIOCAL
OU ENTAO PELO HOSPITAL QUE NOVOS HOMENS PARIU

REMINISCÊNCIA DA HISTÓRIA PRA NÃO MAIS ACONTECER
E EM PAZ PERMANECER APRENDENDO COM O PASSADO
É CORTE CICATRIZADO DE QUEM ESCAPOU POR UM TRIZ
E TEVE COM UMA RAIZ PRA SEMPRE O CORPO MARCADO

truco adelante!!

assucedido - que aconteceu realmente;
bochincho - peleia, entreveiro, briga, mesmo que entreveiro;
corredor - estrada;
cambicho - namorico, paquera;
fuzarca - folia, bagunça;
lambança - barulho, bagunça, baderna;
temporonas - fora do tempo "certo" ou previsto. Nesse caso, filhas nascidas em um espaço de tempo maior que o(a) precedente;
veiaco - esperto, malandro;
meia guampa - regado a bebida alcóolica;
entreveiro - mesmo que bochinco;
disputa cuiuda - embate entre duas forças equivalentes;
crinuda - mulher;
calaveira - safado, trambiqueiro, enrolador;